O ex-Presidente Miguel Trovoada, que foi nomeado este mês pelo Secretário-geral das Nações Unidas Ban Ki-mon como representante especial da ONU para a Guiné Bissau, fez parte também do “Painel de Sábios de África”.
Um grupo criado no quadro da ex-OUA, composto por 5 individualidades africanas, cada uma representava uma região do continente negro. Miguel Trovoada representou a região da África Central. Uma das missões do grupo de “Sábios Africanos”, foi ajudar os países africanos na resolução de crises e conflitos que sucedem após os processos eleitorais.
Trovoada teve a sua primeira missão espinhosa na qualidade de “Sábio de África”, na promoção do diálogo e concertação na República da Costa do Marfim. O conflito político e militar na Costa do Marfim, estava na fase inicial. Trovoada, participou no esforço de África para aproximar as partes que estavam em contenda.
O Téla Nón recorda que após uma das missões na Costa do Marfim, como habitualmente o ex-Presidente da República veio a São Tomé. Concedeu uma entrevista a imprensa na sua residência privada, e apontou o que era no seu entender, a raiz do conflito que estava a eclodir na Costa do Marfim. Segundo Trovoada, a Costa do Marfim estava a beira do precipício, porque «uns Costa Marfinenses, começaram a sentir, e a se considerar como sendo mais Costa-marfinenses que outros».
Um nacionalismo exacerbado, que acabou por dividir o país dos Elefantes, e a eclosão de uma guerra fratricida, que só terminou em 2011, com a captura do então Presidente Gbagbô, acualmente a contas com o Tribunal Penal Internacional.
O são-tomense Miguel Trovoada, tem agora mais um desafio importante desta vez, no quadro das Nações Unidas. O fortalecimento da paz e da democracia na Guiné Bissau, país de expressão portuguesa que nos últimos anos viu os seus filhos derramarem tanto sangue, em guerras, assassinatos e golpes de Estado.
Fortalecimento da estabilidade política e militar, no país de Amílcar Cabral, após as eleições gerais desta ano, deverá ser missão principal do único são-tomense, reconhecido como “Sábio”, na gestão de crises no continente africano.
Antes da nova missão como representante do Secretário Geral das Nações Unidas na Guiné Bissau, Miguel Trovoada que fez dois mandados como Presidente de São Tomé e Príncipe(1991-2001), desempenhou as funções de Secretário Executivo da Comissão do Golfo da Guiné durante 8 anos.
Uma organização que agrupa 8 países da região mais rica de África por causa da exploração de petróleo. Promoção da Paz e da Segurança no Golfo da Guiné, foi a sua principal acção como perito africano, em articulação com os Chefes de Estado dos 8 países, destacando-se as potências emergentes na região, nomeadamente Angola, Guiné Equatorial e a Nigéria.
Apesar de muito trabalho como Secretário Executivo da Comissão do Golfo da Guiné com sede em Luanda-Angola, sempre que teve folga Miguel Trovoada, vinha a sua terra natal, ao seu berço, para descansar ou conviver com os seus familiares e amigos.
Ainda em Março passado, esteve em São Tomé. Para além de ter feito uma intervenção política no seu torrão natal, o Téla Nón apurou que Trovoada aproveitou o recenseamento eleitoral que decorria na altura, para actualizar o seu cartão de eleitor. Não abdica do exercício do seu direito de cidadania são-tomense apesar da função que ocupa no estrangeiro.
Agora como representante do Secretário-geral das Nações Unidas na Guiné Bissau, tudo indica que Miguel Trovoada, continuará a vir a sua terra natal espontaneamente, sem necessidade de haver momentos especiais.